jueves, 11 de junio de 2009

ABELHAS DE BRAGA

Não conheci tua agua
não sube quando choraste
nem quando tomaste banho
nem quando tiveste sede

As abelhas irão
pela mel de teus olhos
esses olhos cansados
de sete dias de trabalho
e a trarão
zumbindo
até minha língua

Não conheci tua terra
não sube quando caíste
nem quando mordeste uma maçã
nem quando ficaste dormido

As abelhas irão
pela força de tuas mãos
essas mãos grandes
carinhosas e solitárias
e a trarão
zumbindo
até minhas costas

Não conheci teu ar
não sube quando tossiste
nem quando tiveste soluço
nem quando olhaste ao céu

As abelhas irão
pelos sonhos de quatro noites
esses sonhos sossegados
na altura de meus ombros
e os trarão
zumbindo
até meu coração

Não conheci teu sangue
não sube quando adoeceste
nem quando dobraste os joelhos
nem quando sanaram tuas feridas

As abelhas irão
pelo fogo de teus beijos
esses beijos profundos
subterrâneos e incandescentes
e o trarão
zumbindo
até minha boca.

ALEJANDRO URANGA
Madrid
Junio de 2009

1 comentario: